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Cabo Verde desafios para o desenvolvimento 

Fragilidade do Setor Produtivo Interno

Fragilidade do Setor Produtivo Interno em Cabo Verde: Um Desafio para o Crescimento


O setor produtivo interno de Cabo Verde – como agricultura, pesca e manufatura básica – é frágil devido às condições naturais das ilhas e à falta de infraestrutura. Isso representa apenas cerca de 5% do PIB, mas afeta o dia a dia e os custos. Com base em relatórios recentes (até 2025), explicamos as causas e efeitos de forma simples. Para investidores, é uma oportunidade: apoiar projetos locais pode gerar retornos estáveis e incentivos governamentais.

Causas Principais: Por Que É Tão Frágil?


As ilhas de Cabo Verde enfrentam desafios naturais e estruturais que tornam o setor produtivo interno – como a agricultura e a pesca – bem vulnerável. Vamos ver as razões principais de forma clara.

Primeiro, os solos pobres, a falta de água e a erosão são problemas graves. A terra é seca e salgada, e as chuvas fortes acabam levando embora o solo fértil. As mudanças climáticas pioram as secas, destruindo as colheitas, enquanto a água é rara e depende de plantas de dessalinização. Por exemplo, a erosão afeta entre 26% e 50% das áreas agrícolas, a fertilidade do solo caiu de forma drástica, com pragas aumentando por causa do aquecimento global, e apenas 10% da terra total é própria para cultivo.

Em segundo lugar, a produção local cobre menos de 20% da demanda alimentar. As fazendas e os pescadores simplesmente não conseguem suprir a população de cerca de 600 mil pessoas. A maior parte dos alimentos básicos, como arroz, legumes e carne, tem de ser importada. Isso significa que a produção interna atende só 20% das necessidades, com 80% vindo de fora, e as importações de comida custaram mais de 800 milhões de dólares em 2023.

Por fim, os custos logísticos elevados e a fraca integração com o turismo agravam tudo. Transportar bens entre as ilhas ou do exterior é caro, devido a portos pequenos e voos limitados. Mesmo com o turismo representando 25% do PIB, ele não se conecta bem com a produção local – os hotéis acabam importando 70% dos seus suprimentos. No total, a logística consome de 15% a 20% dos custos comerciais, o que é mais alto que a média africana de 12%.

Efeitos Principais: Como Isso Prejudica a Economia e as Pessoas?


Essa fraqueza do setor produtivo interno acaba freando o crescimento econômico e tornando a vida mais cara para todos. O PIB de Cabo Verde cresceu 7% em 2024, impulsionado principalmente pelo turismo, mas a dependência das importações deixa tudo instável e vulnerável a choques externos. Para se ter uma ideia, a agricultura – o coração desse setor – contribui apenas 5% para o PIB entre 2022 e 2024, uma queda dos 8% que representava nos anos 90. Em 2025, o valor subiu para 30 milhões de dólares, mas isso ainda é uma gota no oceano comparado ao PIB total de 2,8 bilhões de dólares.

Um dos maiores problemas é o aumento da dependência de importações. Quase tudo, desde comida até combustível, vem de fora, principalmente de Portugal e da União Europeia. Quando os preços globais sobem, o impacto é imediato e forte. Por exemplo, as importações representam 70% do PIB, com comida e energia sozinhas respondendo por 50% disso. Além disso, as reservas do país cobrem apenas 6 a 7 meses de importações, o que deixa a economia exposta a qualquer interrupção no comércio.

Outro efeito direto é o aumento dos preços para os consumidores locais. Os bens importados ficam mais caros por causa do frete e dos impostos, tornando itens básicos como pão ou gasolina difíceis de pagar para muita gente. Em 2023, a inflação nos alimentos chegou a 3,7%, e em 2025, cerca de 35 mil pessoas enfrentam insegurança alimentar. Famílias pobres acabam gastando até 60% da sua renda só em comida, o que agrava a desigualdade e limita o consumo interno.

Por fim, há a baixa competitividade internacional, que impede os produtos locais de se destacarem no mercado global. Devido aos custos altos e à qualidade limitada, as exportações se resumem basicamente a peixe, que gerou 56 milhões de dólares em 2023. O déficit comercial chega a 20% do PIB, e as exportações de manufatura e agricultura representam menos de 5%. Isso torna o país vulnerável: eventos como mudanças climáticas ou uma recessão na União Europeia podem cortar 2 a 3% do PIB por ano, freando qualquer progresso sustentável.