
Cabo Verde desafios principais
Principais desafios para o desenvolvimento de Cabo Verde
1. Dependência Externa
Causas:
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Importa cerca de 90% dos alimentos.
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65% da matriz energética baseada em combustíveis fósseis importados.
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Setores-chave (saúde, indústria, construção) dependem quase totalmente de importações.
Efeitos:
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Elevada vulnerabilidade a crises internacionais (energia, alimentos, transporte).
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Custos de vida elevados para a população.
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Pressão permanente sobre a balança de pagamentos.
2. Déficit Comercial e Balança de Pagamentos
Causas:
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Importações equivalem a 40–45% do PIB.
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Déficit comercial persistente de 25–35% do PIB.
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Exportações pouco diversificadas (quase só turismo e pescado).
Efeitos:
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Necessidade crónica de financiamento externo (remessas, ajuda internacional, dívida).
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Aumento da vulnerabilidade fiscal e externa.
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Dependência estrutural de setores frágeis.
3. Dependência do Turismo e das Remessas
Causas:
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Turismo = 25% do PIB.
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Remessas da diáspora = 10–12% do PIB.
Efeitos:
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Forte exposição a choques externos (pandemias, recessões, guerras).
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Economia cíclica e volátil.
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Risco de colapso em crises globais (como em 2020).
4. Fragilidade do Setor Produtivo Interno
Causas:
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Solos pobres, pouca água e erosão.
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Produção local cobre <20% da demanda alimentar.
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Custos logísticos elevados e pouca integração com o turismo.
Efeitos:
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Aumento da dependência de importações.
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Preços altos para consumidores locais.
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Baixa competitividade internacional.
5. Escassez de Água Doce
Causas:
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Precipitação baixa (100–200 mm/ano).
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Aquíferos frágeis e salinizados.
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Perdas técnicas elevadas em Santiago.
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Consumo médio (43,1 L/hab./dia) acima da meta de 2030.
Efeitos:
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Dependência da dessalinização (processo caro e energívoro).
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Pressão sobre custos de produção agrícola e urbana.
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Risco de insegurança hídrica em secas prolongadas.
6. Erosão do Solo e Desertificação
Causas:
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Apenas 10% do território é arável.
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Chuvas intensas → erosão hídrica (até 4.000 t/km²/ano).
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Ventos fortes e solos arenosos → desertificação (Sal, Boa Vista, Maio).
Efeitos:
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Perda de fertilidade agrícola.
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Menor produção local e maior dependência de importações.
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Insegurança alimentar e vulnerabilidade social.
7. Vulnerabilidade Climática
Causas:
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Secas frequentes e prolongadas.
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Erosão costeira e perda de terras férteis.
Efeitos:
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Agricultura ainda mais frágil.
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Crescente dependência de irrigação e dessalinização.
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Pressão social e aumento da migração interna e externa.
8. Desemprego, Pobreza e Desigualdades
Causas:
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Desemprego total de 14,5% (jovens 32,5%).
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Mais de 50% em empregos informais.
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Pobreza atinge 31,7% da população.
Efeitos:
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Exclusão social, especialmente em zonas rurais e ilhas periféricas.
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Desigualdade crescente entre grupos sociais e regiões.
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Aumento da dependência de programas de apoio social.
9. Pressão Fiscal e Dívida Pública
Causas:
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Dívida pública de 150% do PIB (2022).
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Finanças públicas frágeis diante de choques externos.
Efeitos:
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Redução da margem de investimento público.
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Aumento da dependência de crédito e parceiros internacionais.
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Limitações na implementação de políticas sociais.
10. Infraestruturas e Conectividade
Causas:
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Transporte inter-ilhas caro e ineficiente.
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Concentração de serviços em poucos portos e aeroportos.
Efeitos:
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Custos logísticos altos para bens e alimentos.
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Isolamento das ilhas periféricas.
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Menor competitividade económica.
11. Assimetrias Regionais
Causas:
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Santiago e São Vicente concentram 64–72% da população.
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PIB per capita da Boa Vista (turismo) = 2,5x maior que Santiago Norte (agrária).
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Educação e saúde centralizadas.
Efeitos:
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Sobrecarga urbana em algumas ilhas.
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Despovoamento e envelhecimento em ilhas menores.
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Migração interna e desigualdade de oportunidades.
12. Desafios Sociais e Demográficos
Causas:
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População jovem (64% com menos de 35 anos).
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Migração interna crescente.
Efeitos:
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Pressão no mercado de trabalho.
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Desequilíbrios regionais mais profundos.
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Risco de frustração social e aumento da emigração.
13. Exposição a Crises Globais
Causas:
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Estrutura produtiva frágil e pouco diversificada.
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Forte dependência externa de energia, alimentos e turismo.
Efeitos:
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Choques globais têm impacto direto e imediato na economia.
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Aumento da vulnerabilidade social e fiscal.
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Dificuldade em construir resiliência económica.