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Cabo Verde Infraestruturas, Integração e Futuro

 Infraestruturas, Integração e Futuro


6.1 Transportes e Conectividade

6.1.1 Hub aéreo do Sal e reestruturação da TACV

A Ilha do Sal tem sido apontada como um dos principais polos de internacionalização e conectividade de Cabo Verde. O governo formula políticas para fazer do aeroporto do Sal um hub aéreo comercial e turístico regional, com melhoria de serviços de aviação, de atendimento, de logística ligada ao turismo, e integração com transportes rodoviários internos. Governo de Cabo Verde
Relacionado, a Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV) passou por privatizações, parcerias e reestruturação, além de retomar parcialmente os serviços após a crise da COVID-19. Essas mudanças visam reforçar a conectividade aérea interilhas e internacional. 

6.1.2 Modernização de portos e concessões marítimas

A modernização portuária é um vetor estratégico para Cabo Verde, dado o papel da ilha como país arquipélago dependente de transporte marítimo para bens essenciais, comércio e turismo. A União Europeia está investindo em modernização de portos como os de Palmeira (Sal), Porto Grande (São Vicente), Porto Novo (Santo Antão), etc., com componentes de sustentabilidade ambiental, mitigação de riscos costeiros e melhoria da mobilidade de bens e pessoas. eeas.europa.eu

6.1.3 Transporte rodoviário e mobilidade interna

Para além das ligações aéreas e marítimas, a mobilidade interna—estradas entre vilas e ilhas—é crucial para integrar mercados internos, facilitar acesso aos serviços (saúde, educação), reduzir custos de transporte de mercadorias e descongestionar centros urbanos. Estratégias recentes contemplam melhorar a qualidade das estradas interilhas, ampliar o transporte público coletivo e assegurar a conectividade entre municípios.


6.2 Cabo Verde e os ODS 2030

6.2.1 Educação, saúde e igualdade de género

Cabo Verde tem conseguido progressos significativos no setor da saúde: expectativa de vida elevada, melhoria no acesso aos cuidados primários e saúde reprodutiva. 
No que toca à educação e igualdade de género, há desafios no acesso à educação de qualidade em aldeias remotas, na equidade de género (especialmente em setores técnicos e de inovação), e na inclusão digital. A integração da perspetiva de género nas políticas climáticas também é uma das prioridades nacionais, garantindo que mulheres e meninas não sejam mais afetadas pelos choques climáticos e pelas desigualdades existentes. Climate Portal

6.2.2 Energia limpa, água e agricultura sustentável

A transição energética e a sustentabilidade hídrica são centrais para os objetivos ambientais do país. Os desafios climáticos reforçam a urgência de aumentar a energia renovável, melhorar o fornecimento de água potável e tornar a agricultura mais resiliente (produção menos dependente de precipitação irregular, sistemas de irrigação eficientes, utilização de tecnologias limpas).

6.2.3 Redução da pobreza e inclusão social

A medição da pobreza multidimensional em Cabo Verde mostrou que em 2015 cerca de 17,2% da população era multidimensionalmente pobre, com privações em habitação, educação, acesso a saneamento, combustível de cozinha e outras condições básicas. asemana.cv
Além disso, o cadastro social e os programas de transferência social visam identificar famílias vulneráveis e garantir que programas públicos atinjam quem mais precisa. Diário de Notícias+1


6.3 Cabo Verde no Sistema Internacional

6.3.1 Relações com a ONU, UA, CEDEAO e UE

Cabo Verde é membro ativo de organizações regionais e internacionais, usando estas plataformas para negociar financiamentos, parcerias, regimes de comércio e regimes de ajuda. A relação com a União Europeia inclui regimes preferenciais (como SPG+), cooperação em economia azul, modernização de infraestruturas costeiras e portuárias. eeas.europa.eu
O país também reivindica, como Pequeno Estado Insular em Desenvolvimento (SIDS), reconhecimento de vulnerabilidades específicas (insularidade, exposição climática, dependência externa) e tratamentos diferenciados em regimes internacionais. Governo de Cabo Verde+1

6.3.2 Índice Multidimensional de Vulnerabilidade & diplomacia da diáspora

Cabo Verde está envolvido no desenvolvimento de um Índice Multidimensional de Vulnerabilidade que será usado para mostrar concretamente as fragilidades estruturais do país (insularidade, limitações de recurso hídrico, escalas de mercado, exposição climática). camara.cv+1
A diáspora continua a desempenhar um papel diplomático e económico importante: transmissão de remessas, investimento direto, parcerias acadêmicas e culturais; também como lobby internacional para apoio a financiamento climático, reconhecimento de vulnerabilidade e participação em redes internacionais.


6.4 Futuro de Cabo Verde: Cenários e Inovação

6.4.1 Cabo Verde como laboratório de resiliência climática

Dadas as vulnerabilidades climáticas — secas frequentes, risco de erosão costeira, perturbações no regime das chuvas — o país está numa posição singular para experimentar e implementar soluções inovadoras em adaptação climática, energias renováveis, dessalinização, gestão integrada da água e infraestruturas resilientes. Isso pode servir de modelo para outros países pequenos e ilhas.

6.4.2 Economia azul e verde como novas fronteiras

A economia azul — aproveitamento sustentável dos recursos marinhos e costeiros (pesca, turismo marinho, energias marítimas, logística portuária) — e economia verde (renováveis, agricultura sustentável, eficiência energética) são vistas como fronteiras de crescimento limpo, criação de emprego verde e mitigação de riscos ambientais.

6.4.3 Visão para 2050: desenvolvimento sustentável e integração global

Para 2050, a visão inclui:

  • Ser um país com energia quase 100% renovável, água potável garantida em todas as ilhas, e agricultura adaptada ao clima.

  • Infraestruturas modernizadas que facilitem mobilidade eficiente entre ilhas e internacional.

  • Sociedade inclusiva, com alto nível de serviços públicos, igualdade de género, educação de qualidade, e direitos garantidos.

  • Integração regional e global plena: comércio, digitalização, cooperação climática, turismo responsável, economia azul.