
Cabo Verde Economia (2016–2022)
A Era da Estabilidade e Retoma (2016–2019)
A trajetória económica de Cabo Verde entre 2016 e 2019 foi marcada por uma robusta Retoma do Crescimento após a crise de 2015, impulsionada por Reformas e Políticas de Estabilização rigorosas:
Crescimento e Finanças: O governo implementou políticas fiscais e monetárias para estabilizar a economia. Em 2016, o país registou um crescimento de 4,3%, sustentado por investimentos em infraestruturas e pela recuperação do turismo.
Gestão Fiscal: Entre 2016 e 2019, o défice orçamental foi reduzido de 4,5% para 2,3% do PIB, refletindo uma gestão fiscal mais rigorosa. A dívida pública foi estabilizada, privilegiando empréstimos a longo prazo com condições favoráveis.
Proteção Social: A estabilidade económica traduziu-se em benefícios sociais, com a taxa de desemprego a diminuir de 11,3% para 8% em 2024 (o valor mais baixo desde a independência). Foi implementada a expansão da proteção social, com programas como o Rendimento Social de Inclusão (RSI), visando apoiar as famílias mais vulneráveis.
Resiliência e Confronto com a Crise Global (2020–2022)
A estabilidade interna foi abruptamente interrompida pelos choques externos da COVID-19 e, em 2022, pela Super-Inflação Global.
Resposta Pós-Secas e Pós-COVID
Após os impactos das secas severas e da pandemia, as Políticas Públicas focaram-se na construção de uma Resiliência Económica e Social:
Diversificação e Sustentabilidade: Foram implementadas políticas de diversificação económica, com foco em setores como a agricultura sustentável e as energias renováveis.
Estratégias Climáticas: O país desenvolveu o Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas (melhoria da gestão da água, agricultura resiliente).
Meta 2030: O Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável (PEDS II) estabeleceu a sustentabilidade como meta central até 2030, incluindo a transição para uma economia verde e inclusiva e a redução da pobreza extrema.
O Impacto Crítico da Crise Global (2022)
Em 2022, a economia manteve uma forte recuperação pós-pandemia (crescimento de 17,7% no 2º trimestre), mas confrontada com uma crise de custos severa:
Super-Inflação Importada: A inflação média anual atingiu 6,6%, impulsionada pela subida dramática dos preços de combustíveis (Brent a $105,9/barril) e fertilizantes (aumento de 116,3%), pressionando a segurança alimentar e o poder de compra.
Finanças Públicas Sob Pressão: O stock da dívida pública acelerou para 150,9% do PIB em junho de 2022. No entanto, as projeções apontam para uma inversão de tendência e desaceleração nos anos seguintes, e o setor externo manteve reservas internacionais líquidas robustas (7,5 meses de importações).
Desafios Estruturais: Sociedade, Demografia e Emprego
A análise da evolução macroeconómica é inseparável dos desafios estruturais de longa data:
Demografia e Assimetrias Regionais
Cabo Verde está em plena transição demográfica, com uma população jovem (64% têm menos de 35 anos) e uma elevada esperança de vida (77 anos). O país deve intensificar políticas para aproveitar o 1º Dividendo Demográfico (aberto em 1982 e a fechar em 2070).
No entanto, o desenvolvimento é marcado por fortes assimetrias regionais:
Concentração de Riqueza e Serviços: Cerca de 72% da população concentra-se em Santiago e São Vicente. O PIB per capita da Boa Vista é 2,5 vezes superior ao de Santiago Norte.
Serviços e Oportunidades: Santiago e São Vicente detêm quase 100% da oferta de ensino superior e a melhor oferta de cuidados de saúde especializados.
Mercado de Trabalho, Desigualdades e Pobreza
O Mercado de Trabalho de 2020 revelou problemas estruturais graves:
Informalidade e Desemprego Jovem: 52% dos trabalhadores ocupados estão no emprego informal. O desemprego atinge 14,5% da população ativa, mas é alarmante entre os jovens de 15 a 24 anos (32,5%).
Desigualdade de Género: A taxa de emprego masculina (51,3%) é significativamente mais alta que a feminina (39,3%), refletindo desigualdades de rendimento.
Apesar de o Índice de Gini (desigualdade de consumo) ter reduzido de 0,42 para 0,34 entre 2015 e 2020, a Pobreza Absoluta afetava 31,7% da população (2020). A pobreza tem maior incidência no meio rural (44,9%) e afeta esmagadoramente crianças e jovens (74,7% dos pobres têm menos de 35 anos).
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Da Estabilidade Interna à Crise de Custos Global
Bem-vindo à análise da trajetória económica de Cabo Verde entre 2016 e 2022.
Este período divide-se em duas fases cruciais. Inicialmente, de 2016 a 2019, o país viveu uma robusta Retoma do Crescimento. Graças a reformas fiscais rigorosas e à recuperação do turismo, o défice orçamental foi reduzido e a taxa de desemprego atingiu o seu ponto mais baixo desde a independência, acompanhada pela expansão da proteção social.
Contudo, esta estabilidade interna foi colocada à prova, primeiro pela COVID-19 e, em 2022, pela Super-Inflação Global. A subida dramática dos preços de commodities, como o petróleo Brent (que atingiu $105,9/barril) e os fertilizantes (com aumento de 116,3%), gerou uma crise de custos severa.
O país insular, altamente dependente de importações, viu a sua recuperação ameaçada, enquanto as economias parceiras (EUA e Zona Euro) apertavam a política monetária.
Esta página detalha os esforços de resiliência económica e as Políticas Públicas adotadas para reforçar o mercado de trabalho e avançar rumo à sustentabilidade até 2030 (PEDS II), num cenário de pressões externas sem precedentes.
Retoma do Crescimento (2016–2019)
Reformas e políticas de estabilização
Após a crise de 2015, o governo de Cabo Verde implementou políticas fiscais e monetárias para estabilizar a economia e retomar o crescimento. Em 2016, o país registou um crescimento económico de 4,3%, impulsionado por investimentos em infraestruturas e pela recuperação do turismo. mf.gov.cv
Redução do défice orçamental e gestão da dívida
Entre 2016 e 2019, o défice orçamental foi reduzido de 4,5% para 2,3% do PIB, refletindo uma gestão fiscal mais rigorosa. A dívida pública também foi estabilizada, com uma maior parte composta por empréstimos a longo prazo e com condições favoráveis. bcv.cv
Queda do desemprego e expansão da proteção social
A taxa de desemprego diminuiu de 11,3% em 2019 para 8% em 2024, o valor mais baixo desde a independência do país. governo.cv Além disso, o sistema de proteção social foi expandido, com a implementação de programas como o Rendimento Social de Inclusão (RSI), que visam apoiar as famílias mais vulneráveis. INE Cabo Verde
mercado de trabalho
Estrutura do mercado de trabalho
O mercado de trabalho cabo-verdiano caracteriza-se por uma elevada taxa de informalidade e uma forte concentração de empregos no setor público. Em 2019, a taxa de emprego/ocupação entre os jovens de 15 a 24 anos foi de 22,4%, evidenciando a necessidade de políticas específicas para este grupo etário. INE Cabo Verde
Programas para juventude e formação profissional
Foram implementados programas de formação profissional e empreendedorismo para jovens, com o objetivo de aumentar a empregabilidade e reduzir a taxa de desemprego juvenil. Estes programas têm sido fundamentais para a integração dos jovens no mercado de trabalho.
Segurança social e proteção dos mais vulneráveis
O sistema de segurança social foi reforçado, com a ampliação da cobertura e a melhoria dos serviços prestados. O governo tem investido em políticas de inclusão social, visando reduzir as desigualdades e promover a equidade.
Políticas Públicas
Resiliência económica e social pós-secas e pós-COVID
Após os impactos das secas severas e da pandemia de COVID-19, Cabo Verde tem trabalhado na construção de uma economia mais resiliente. Foram implementadas políticas de diversificação económica, com foco em setores como a agricultura sustentável e as energias renováveis.
Estratégias de adaptação climática
O país desenvolveu o Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas, que inclui ações para melhorar a gestão da água, promover a agricultura resiliente e proteger os ecossistemas costeiros. Este plano visa aumentar a capacidade de adaptação do país às mudanças climáticas. unfccc.int
Sustentabilidade como meta até 2030
O Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável (PEDS II) estabelece a sustentabilidade como uma meta central até 2030. O plano inclui objetivos para a redução da pobreza extrema, a promoção da igualdade de género e a transição para uma economia verde e inclusiva. Climate Portal
Cabo Verde entre a Recuperação e a Crise Global: O Impacto da Super-Inflação em 2022
O ano de 2021 foi, globalmente, um período de alívio, marcado pela histórica recuperação da economia mundial após a contração imposta pela pandemia de Covid-19. O PIB mundial cresceu a um robusto ritmo de 6,1% (segundo estimativas do FMI). Contudo, essa euforia durou pouco. O primeiro semestre de 2022 trouxe uma nova onda de turbulência que colocou a retoma económica de países insulares e dependentes de importações, como Cabo Verde, sob forte pressão.
O principal motor de preocupação foi a ascensão vertiginosa da inflação, um fenómeno global que se manifestou de forma particularmente agressiva após a redução das restrições globais e, dramaticamente, com o agravamento da tensão geopolítica entre a Rússia e a Ucrânia.
O Vórtice dos Custos: Energia e Alimentação
Para uma nação arquipelágica como Cabo Verde, que importa a esmagadora maioria dos seus bens de consumo e energia, a análise dos preços de commodities no mercado internacional revela o epicentro da crise importada:
Preços Energéticos em Disparada: O preço do Brent, que oscilou em 2021, disparou no 1º semestre de 2022, atingindo uma média de 105,9 USD/barril, o valor mais alto registado nos últimos oito anos. O aumento do índice de preços de produtos energéticos foi de 83,0% face ao período homólogo, um fardo pesado para a produção de energia e o setor dos transportes (aéreo e marítimo) cabo-verdianos.
Ataque aos Custos Agrícolas: A inflação não se limitou ao combustível. O índice de preços de alimentos aumentou 25,6%, e, de forma ainda mais preocupante para a agricultura, os preços dos fertilizantes subiram 116,3%. Este aumento massivo ameaça diretamente os custos de produção das empresas agrícolas e, consequentemente, a segurança alimentar e o poder de compra das famílias cabo-verdianas.
Este cenário internacional de custos elevados pressiona a balança comercial e o orçamento nacional de Cabo Verde, forçando o país a pagar muito mais caro por tudo o que consome.
A Reação Mundial e as Consequências para CV
Em resposta ao nível recorde de preços, as principais economias avançadas adotaram políticas monetárias mais restritivas, com o objetivo de travar a escalada inflacionista.
Aperto Monetário nos EUA e UK: Nos Estados Unidos da América (EUA), a taxa de inflação atingiu 9,1% em junho de 2022 (a maior dos últimos 41 anos), levando o FED a aumentar agressivamente a taxa dos fundos federais. No Reino Unido (UK), a inflação atingiu 9,4%, levando o Bank of England (BoE) a subir as taxas de juro de referência para 1,25%.
Zona Euro em Desaceleração: Embora o Banco Central Europeu (BCE) tenha mantido as suas taxas inalteradas no início do período, a inflação atingiu um valor recorde de 7,1% na Zona Euro, corroendo o poder de compra das famílias e desacelerando o consumo privado.
Qual o impacto para Cabo Verde?
Dificuldade no Financiamento: O aumento das taxas de juro nas economias avançadas torna o crédito internacional mais caro. Isto pode dificultar o financiamento da dívida pública e privada de Cabo Verde e afetar o investimento estrangeiro direto, crucial para o desenvolvimento do país.
Perda de Poder de Compra dos Emigrantes: A perda de poder de compra das famílias na Zona Euro, EUA e UK—principais fontes de remessas de emigrantes—pode traduzir-se numa redução do dinheiro enviado para Cabo Verde, uma importante fonte de rendimento para muitas famílias.
Fragilização do Turismo: Apesar do setor do turismo estar a mostrar sinais de retoma, a inflação e a consequente redução do poder de compra na Europa representam um risco significativo para o número de turistas e os seus gastos no arquipélago.
Em suma, a economia de Cabo Verde, caracterizada pela sua abertura e dependência de fatores externos, viu-se em 2022 num ponto de encruzilhada: a esperada recuperação pós-pandemia estava a ser confrontada pela dura realidade de uma crise de custos e de uma política monetária global mais apertada. Manter a estabilidade económica e social neste contexto global volátil constitui o maior desafio para o país.
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O contexto económico nacional de Cabo Verde em 2022/2023 foi marcado por uma dinâmica de forte recuperação pós-pandemia que, contudo, se viu rapidamente confrontada com os ventos contrários da crise inflacionária global. O país, apesar do abrandamento do ritmo de crescimento (17,7% no 2º trimestre de 2022, face aos 30,6% homólogos), manteve uma trajetória positiva impulsionada pelo turismo, projetando um crescimento de 4,0% em 2022 e 4,7% em 2023.
Ameaça Importada: Inflação e Dívida Pública
O principal desafio da economia cabo-verdiana em 2022 foi a inflação, um fenómeno importado. Impulsionada pelos preços internacionais de energia e alimentos, a inflação média anual atingiu 6,6% no final de agosto, um aumento significativo face ao ano anterior.
No plano das finanças públicas, a situação permaneceu tensa. O stock da dívida pública atingiu um montante elevado, acelerando para 150,9% do PIB projetado em junho de 2022 (sendo a maior parte dívida externa). No entanto, as projeções indicam uma inversão de tendência a partir de 2022, com o rácio dívida/PIB a desacelerar ligeiramente para 147,4% em 2023.
Apesar das pressões, o setor externo mostrou sinais de resiliência, com um superavit na balança de transações correntes e reservas internacionais líquidas que garantiam 7,5 meses de necessidades de importações.
Demografia e Assimetrias: O Desafio da Janela Demográfica
Cabo Verde encontra-se em plena transição demográfica, com uma elevada esperança de vida (cerca de 77 anos) e uma população relativamente jovem (64 em cada 100 indivíduos têm menos de 35 anos). O país entrou na janela do 1º Dividendo Demográfico por volta de 1982, que deverá fechar-se em 2070. Esta "janela" exige a intensificação de políticas públicas, especialmente até 2030, para gerar emprego em ritmo superior ao crescimento populacional e promover a qualificação do capital humano, aproveitando a estrutura etária favorável.
O país continua a ser marcado por fortes assimetrias regionais. A concentração de capacidade produtiva, emprego e serviços essenciais é notória:
Santiago e São Vicente concentram 72% da população residente, 70% da população ativa e quase 100% da oferta de ensino superior e cuidados de saúde especializados.
Sal e Boa Vista dominam o setor turístico, com 79% da capacidade de alojamento e cerca de 80% dos turistas antes da pandemia.
Em contraste, o PIB per capita da Boa Vista é cerca de 2,5 vezes o de Santiago Norte, evidenciando profundas desigualdades em termos de produtividade, rendimento e oportunidades.
O Mercado de Trabalho: Informalidade e Desemprego Juvenil
Em 2020, apenas 53 em cada 100 pessoas com 15 anos ou mais constituíam a população ativa. O mercado de trabalho é caracterizado por:
Elevada Informalidade: 52 em cada 100 trabalhadores ocupados estão no emprego informal, com uma proporção significativa em subemprego.
Desemprego Jovem: A taxa de desemprego era de 14,5% da população ativa, mas atingia alarmantes 32,5% entre os jovens (15-24 anos). Os jovens entre 15 e 35 anos representam 71% dos desempregados.
Desigualdade de Género: A taxa de emprego para os homens (51,3%) é significativamente superior à das mulheres (39,3%), refletindo desigualdades de rendimento e o maior peso do trabalho não remunerado nas mulheres.
Baixa Cobertura Social: A taxa de cobertura do sistema de segurança social era de apenas 55,3% da população empregada.
Desigualdades e Condições de Vida: A Face da Pobreza
Apesar dos progressos, Cabo Verde continua a ser um país de desigualdades, embora o Índice de Gini (que mede as desigualdades de consumo) tenha sido reduzido de 0,42 em 2015 para 0,34 em 2020.
Pobreza: Cerca de 31,7% da população (175.847 pessoas) vivia em pobreza absoluta em 2020.
Localização: A maioria dos pobres (56,4%) vive em meio urbano, mas a pobreza tem uma incidência maior no meio rural (44,9% da população rural é pobre, contra 25,8% da população urbana).
Idade: A pobreza afeta principalmente crianças e jovens (74,7% dos pobres têm menos de 35 anos).
Em termos de condições de vida, há uma generalização do acesso a infraestruturas básicas: 92,2% da população tem acesso à eletricidade de rede pública, e 69% vive em agregados familiares com ligação à rede pública de água. O acesso à internet, especialmente entre os jovens (90,2% dos 25-34 anos), está também em expansão.
Em resumo, Cabo Verde tem demonstrado resiliência macroeconómica frente a choques externos. No entanto, o seu desenvolvimento futuro depende criticamente da capacidade de mitigar as assimetrias regionais, de aproveitar o dividendo demográfico através de políticas de emprego e qualificação e de reduzir a informalidade e as desigualdades estruturais que afetam sobretudo a população jovem.