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Cratera da Cova

A Cratera da Cova: O Coração Verde de Santo Antão

Localização Cratera da Cova
Localização Cratera da Cova

Para ti, viajante que te aventuras em Santo Antão, a segunda maior ilha do arquipélago de Cabo Verde, a experiência raramente se resume a praias de areia branca ou a relaxamento em resorts. Aqui trata-se de verticalidade dramática, picos de basalto imponentes e vales profundos e verdejantes. No centro desta topografia acidentada encontra-se uma das características naturais mais icónicas e visualmente impressionantes da ilha: a Cratera da Cova!

Situada na confluência de três concelhos — Ribeira Grande, Paul e Porto Novo — a Cova não é apenas uma curiosidade geológica; é a alma agrícola das terras altas e o ponto de partida para algumas das experiências de trekking mais espetaculares da África Ocidental. Prepara-te para te maravilhares!

Um Vulcão Transformado em Jardim


A Cratera da Cova é uma "caldeira" — a boca colapsada de um vulcão extinto e maciço que ajudou a formar a ilha de Santo Antão. Ao contrário das paisagens vulcânicas áridas e lunares que se encontram na ilha do Fogo, a Cova transformou-se, pelo tempo e pelo clima, numa bacia exuberante e fértil. É simplesmente espetacular!

A altitude privilegiada

O fundo da cratera encontra-se a uma altitude de aproximadamente 1.100 a 1.200 metros acima do nível do mar, enquanto a sua orla se eleva ainda mais, formando um anfiteatro rochoso protetor. Esta elevada altitude expõe a zona aos ventos alísios, que trazem humidade que se condensa nas cristas das montanhas.

O fenómeno da precipitação oculta

Este fenómeno manifesta-se frequentemente como uma névoa espessa e rodopiante — a chamada "precipitação oculta" — criando um microclima húmido completamente distinto da costa árida. Ver as nuvens a "ferver" sobre a borda da cratera é um espetáculo que não vais esquecer!

Uma manta de retalhos viva

Para ti, observador que te encontras na borda, o fundo da cratera assemelha-se a uma vibrante manta de retalhos! Como o solo vulcânico é incrivelmente fértil e retém bem a humidade, a população local utiliza toda a extensão do fundo plano da cratera para uma agricultura intensiva.

É um impressionante mosaico de parcelas retangulares onde se cultiva milho, feijão (incluindo o feijão-congo local), batata-doce, mandioca e pasto para o gado. O contraste entre as paredes vulcânicas escuras e irregulares e a geometria organizada e verde-esmeralda das terras agrícolas que se encontram por baixo é uma das imagens definitivas de Santo Antão — e vai ficar gravada na tua memória!

Localização e Acesso: A Aventura Começa Aqui


A Cova localiza-se na região do Planalto Leste, em Santo Antão. O acesso à cratera é uma aventura por si só, pois fica ao longo da famosa Estrada da Corda!

A lendária Estrada da Corda

A Estrada da Corda é uma antiga estrada de montanha empedrada que liga a cidade portuária de Porto Novo, a sul, à cidade da Ribeira Grande, a norte. Construída manualmente — imagina o trabalho! — esta estrada vertiginosa sobe desde o sul árido, serpenteia ao longo das altas cristas das montanhas e passa diretamente pela Cratera da Cova antes de descer abruptamente em direção à costa norte.

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Destaques e Vistas


Ao chegar à borda da cratera, vais ser recebido por uma das vistas mais deslumbrantes de todo o arquipélago. Não é exagero — é mesmo de tirar o fôlego!

A vista para o interior da cratera

Do lado sul (por onde passa a estrada), é possível observar toda a bacia agrícola. Em dias de céu limpo, a geometria dos campos é nítida e bela — parece um quadro pintado à mão! Em dias de nevoeiro, as nuvens "fervem" frequentemente sobre a borda, inundando a cratera numa cascata de nevoeiro branco, criando uma atmosfera absolutamente mística. Ambas as experiências são mágicas!

A vista do Vale do Paul: Uma das melhores do mundo

Se caminhares até à borda norte da cratera, o terreno desce repentinamente, revelando o Vale do Paul. Este miradouro oferece uma perspetiva vertiginosa, com vista para centenas de metros abaixo, para o vale mais verde de Cabo Verde, com o Oceano Atlântico a brilhar ao longe.

É amplamente considerado um dos melhores miradouros do mundo — e quando estiveres lá, vais perceber porquê! A sensação de estar no topo do mundo a olhar para este vale tropical é indescritível.

Vegetação diversa e protegida

A área em redor da cratera faz parte do Parque Natural Cova-Paul-Ribeira da Torre. Vais notar uma mistura fascinante de flora endémica (como a Artemisia gorgonum, uma planta rara de Cabo Verde) e espécies introduzidas, como o pinheiro, o cipreste e o eucalipto, que foram plantadas para ajudar na retenção de água e prevenir a erosão. O cheiro a eucalipto no ar fresco da montanha é delicioso!

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Trilho: Cratera da Cova ao Vale do Paúl


Frequentemente citado como a caminhada favorita de muitos viajantes em Santo Antão, este percurso (oficialmente PR1 SAPL) é uma descida vertiginosa que leva o caminhante de uma cratera vulcânica em altitude até ao luxuriante vale tropical do Paúl,,.


Ficha Técnica

  • Ponto de Partida: Cratera da Cova (acessível pela Estrada da Corda), a cerca de 1.100 - 1.200 metros de altitude,.
  • Ponto de Chegada: Cidade das Pombas (Vila das Pombas), na costa, ou Cabo da Ribeira (onde começa a estrada asfaltada no fundo do vale),,.
  • Distância: Aproximadamente 10 a 13 km (dependendo se caminha até ao mar ou para no meio do vale),,.
  • Duração: Entre 4 a 6 horas,.
  • Dificuldade: Moderada a Difícil. Embora seja quase sempre a descer, o declive é acentuado e o piso de pedra exige atenção, sendo fisicamente exigente para os joelhos,.

Descrição do Percurso (Passo a Passo)

1. O Início: A Cratera da Cova A aventura começa no topo das montanhas, na Cratera da Cova, um vulcão extinto. O fundo da cratera é plano e surpreendentemente utilizado para a agricultura, formando um mosaico de campos de cultivo (milho, feijão, batata) que se assemelha a uma "colcha de retalhos",.

  • A Vista: Antes de começar a descer, caminhe até à borda da cratera. A vista daqui é inesquecível: de um lado vê o interior do vulcão; do outro, o abismo verdejante do Vale do Paúl que se estende até ao Oceano Atlântico, a 10 km de distância,.

2. A Descida em Ziguezague A saída da cratera faz-se por um caminho empedrado (calcetado) que desce a parede vertical da montanha em inúmeros ziguezagues,.

  • Vegetação: Nesta fase, notará uma transição fascinante. Começa numa zona de vegetação de altitude (pinheiros, eucaliptos, dragoeiros) e, à medida que desce, entra num ambiente tropical húmido,.

3. O Vale Agrícola (Cabo da Ribeira e Chã de Manuel dos Santos) Após cerca de uma hora e meia a descer, chega-se às primeiras comunidades do vale, como Cabo da Ribeira e Chã de Manuel dos Santos,.

  • Jardim do Éden: O cenário muda para plantações intensivas em socalcos. Estará rodeado por bananeiras, mangueiras, papaia, fruta-pão e amendoeiras. Nas hortas, cultivam-se batata-doce, mandioca, inhame e feijão-congo,,.
  • Café e Grogue: Passará por plantações de café e campos de cana-de-açúcar. O cheiro a café torrado ou o aroma doce da cana a ser moída nos trapiches (destilarias tradicionais) é comum nesta zona. Muitas destilarias permitem visitas para provar o grogue (aguardente local),.

4. Chegada à Civilização (Eito e Vila das Pombas) O caminho continua a descer suavemente pelo vale, passando pela aldeia de Eito e pela zona de Passagem (conhecida por uma piscina natural),,. O trilho termina oficialmente na Vila das Pombas (Paul), uma cidade costeira encantadora com casas coloniais coloridas,.


Informação Útil e Dicas para o Visitante

  • Transporte (Logística):
    • Para começar: Apanhe um "aluguer" (transporte coletivo) ou táxi privado a partir de Ribeira Grande ou Porto Novo em direção à "Cova". Peça para sair na entrada da cratera,,.
    • Para regressar: Como o trilho termina numa zona habitada (Vila das Pombas), é muito fácil encontrar transporte de regresso para outras partes da ilha,.
  • Joelhos e Bastões: O desnível negativo é de mais de 1.000 metros. O uso de bastões de caminhada é altamente recomendado para reduzir o impacto nas articulações,,.
  • Clima e Roupa: O tempo é imprevisível. No topo (Cova), pode estar frio, ventoso e com nevoeiro denso, enquanto no fundo do vale (Paul) estará calor tropical. Leve um corta-vento para o início e vista-se por camadas,,.
  • Abastecimento: Existem pequenos bares e restaurantes locais ao longo do caminho nas aldeias (como o "O Curral" em Chã de João Vaz) onde pode almoçar ou comprar bebidas,,.
  • Guia: Embora o caminho seja empedrado e relativamente fácil de seguir, um guia local enriquece a experiência com informações sobre a agricultura, plantas medicinais e cultura local,.

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