Santo Antão Zonas Geográficas

Os Picos Esmeralda e os Vales Verticais: Bem-vindo ao Norte e Nordeste

Esqueça as paisagens áridas que pode esperar de Cabo Verde. No Norte e Nordeste de Santo Antão, está a entrar num "Jardim do Éden" — um mundo de montanhas verdes vertiginosas, desfiladeiros profundos e pinhais cobertos de névoa. Esta é a região mais fértil e populosa da ilha, onde a natureza e o engenho humano coexistem num dramático abraço vertical.

Onde os Vulcões se Transformam em Jardins A sua viagem começa muitas vezes nas nuvens, na Cratera da Cova, uma caldeira vulcânica extinta onde os agricultores cultivam milho e feijão dentro da boca do vulcão. Desta altura vertiginosa, o terreno desce abruptamente para o Vale do Paúl. Conhecido como o vale mais verde do arquipélago, é um anfiteatro tropical repleto de cana-de-açúcar, bananeiras, mangueiras e cafeeiros, todos irrigados por antigas levadas.

Aldeias à Beira do Abismo O litoral aqui é tão impressionante como o interior. Encontrará a Ponta do Sol, uma encantadora vila piscatória com uma arquitetura colonial colorida e uma atmosfera vibrante, servindo de porta de entrada para os trilhos costeiros mais famosos da ilha. A uma curta caminhada de distância, encontra-se Fontainhas, uma aldeia de conto de fadas empoleirada precariamente num penhasco, frequentemente citada pela National Geographic como tendo uma das melhores vistas do mundo. Mais a leste, fica a Ribeira Grande, o movimentado centro comercial da ilha, aninhado na foz de dois enormes vales fluviais.

O Espírito da Ilha Esta região é a alma da agricultura e da tradição cabo-verdiana. Ao percorrer os caminhos de pedra da Ribeira da Torre ou ao passar pela rocha pontiaguda de Xôxô, o ar enche-se com o aroma do café torrado e o doce perfume do Grogue. Aqui, os tradicionais trapiches (moinhos) ainda moem cana-de-açúcar para produzir o famoso rum da ilha, uma arte aperfeiçoada ao longo dos séculos.

A Aventura: Seja a conduzir pela deslumbrante Estrada da Corda, que se equilibra na crista afiada do Delgadinho, ou a caminhar pelos trilhos em ziguezague das terras altas até ao mar, o Norte e o Nordeste oferecem uma sobrecarga sensorial de vegetação exuberante, picos recortados e a calorosa morabeza do seu povo montanhês.

Destaques em Resumo:

• O Ambiente: Exuberante, tropical, vertical e profundamente tradicional.

• Principais Atrações: Vale do Paul, Cratera da Cova, Fontainhas e a crista do Delgadinho.

• A não perder: Caminhada da Cova até à Vila das Pombas ou trilho ao longo da costa da Ponta do Sol até à Cruzinha.

• Sabores: Grogue produzido localmente e frutas tropicais frescas.

O Sul e Oeste: A Beleza Árida e Vulcânica

A transformação radical

Ao cruzar para a vertente Sul e Oeste, a paisagem transforma-se completamente. Esta região situa-se na "sombra da chuva" das montanhas centrais: as nuvens perdem a sua humidade no norte, chegando aqui como ar seco e quente.

Paisagens de outro planeta

Esta zona é caracterizada como árida ou semiárida. A vegetação é escassa, e a paisagem é frequentemente descrita como "lunar" devido à predominância de rochas nuas, campos de pedra-pomes e cores térreas que variam entre o castanho e o ocre. Apesar da aridez, esta região possui uma beleza crua e majestosa que atrai os amantes de geologia e de espaços vastos e silenciosos.

Porto Novo: A porta de entrada

A cidade de Porto Novo, porta de entrada da ilha via ferry, situa-se nesta zona árida. O clima aqui é quente e seco, com precipitação média anual muito baixa.

Paisagens vulcânicas e o Tope de Coroa

Esta é a região onde o vulcanismo é mais evidente. O Tope de Coroa, o ponto mais alto da ilha com 1.979 metros, é um vulcão inactivo situado no planalto noroeste. É um cone jovem que cresceu dentro de uma cratera, rodeado por numerosos cones vulcânicos secundários e solos de "jorra" (lapili).

O Planalto Norte desértico

Uma área remota e desértica, com uma beleza singular e isolada, onde a vegetação se limita a espécies resistentes à seca.

Oásis no deserto

Mesmo nesta aridez, existem "oásis" agrícolas como a Ribeira das Patas e Alto Mira, onde as populações aproveitam nascentes subterrâneas e a agricultura de regadio para criar manchas de verde no meio da paisagem seca.

O Planalto Central: Onde as Nuvens Tocam a Terra

A zona de transição

Entre estes dois extremos, ergue-se o Planalto Central, uma zona de transição e de alta altitude que desempenha um papel vital no ecossistema da ilha. Esta é uma zona de alta altitude, geralmente situada entre os 1.000 e os 1.500 metros, chegando aos 1.811 metros no Gudo de Cavaleiro. O clima aqui é marcadamente mais fresco, com temperaturas que podem descer significativamente nos meses de inverno, em Dezembro e Janeiro.

O Planalto Leste: O pulmão da ilha

Esta área é o "pulmão" da ilha, albergando o maior perímetro florestal de Santo Antão. A floresta aqui é composta por coníferas (pinheiros e ciprestes) e folhosas (eucaliptos e acácias).

O fenómeno do nevoeiro

Uma das características mais marcantes desta zona é a presença frequente de nevoeiro. As árvores e a vegetação desempenham um papel crucial na "precipitação oculta", captando a água directamente das nuvens que passam, o que permite a existência de florestas e recarrega os aquíferos da ilha.

A Cratera da Cova: Um postal ilustrado

Situada a cerca de 1.170 metros de altitude, esta cratera vulcânica extinta é um dos postais ilustrados da ilha. O fundo da cratera é utilizado para a agricultura (milho e feijão), enquanto as suas paredes captam a humidade dos ventos alísios, sendo vitais para o balanço hídrico das ribeiras que descem para o norte, como o Paul e a Torre.